A dificuldade de me perceber
Longe vai o tempo de contemplações filosóficas. Hoje só tenho tempo para pequenos flashes, daqueles que temos quando temos uma experiência de quase-morte. Parece-me que todo o meu tempo passa desse modo, em pequenos fragmento, dispersos, havendo intervalos de absoluta escuridão entre eles...Sobram-me os pequenos prazeres que tentam dar toda a união que preciso e procuro. Desisti de procurar uma união para o mundo. Percebi que preciso primeiro de me construir e de derrubar alguns muros interiores. Porque no fundo acho que é isso que faz o crescimeno: a destruição. Para crescer é preciso desconstruir o que temos por certo. E se o voltarmos a construir, então sim, podemos tê-lo por certo; pelo menos até acordarmos no dia seguinte e recomeçarmos a nossa reconstrução. E todo o cimento que permite unir a construção e a confusão são as pequenas coisas que nos fazem sorrir sem percebermops bem porquê. São os livros que temos há anos e nunca lemos e de repente temos a vontade Universal de os cheirar; é aquela música que nos é logo familiar da primeira vez que a ouvimos e sentimos logo que vai ser um dos nossos tijolos para a nossa vida; é aquele telefonema que se repete todos os dias, mas tem algo de único e imperfeito que nós adoramos; é a piscina onde nadámos toda a nossa vida mas tem sempre um cheiro e um som único da água impregnada de cloro. Estes são os meus pequenos tijolos...
Não percebo nada da guerra do Iraque, mas sei que não posso viver sem música; não percebo a subida das taxas de juro, mas fico feliz quando leio um poema de Fernando Pessoa; não sei nada do código penal, mas adoro nadar bruços. Amanhã talvez perceba o mundo...
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